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Forwarded from Raphael Machado
Trump conseguirá afastar Putin de Xi?

De um modo geral, todos sabemos quais serão as linhas estratégicas gerais do novo governo Trump porque ele tem sido bastante explícito quanto a suas prioridades. E na política externa um tópico central é um relaxamento e reaproximação com a Rússia para afastá-la da China.

Essa estratégia convém ao setor do Deep State que está insatisfeito com a atual estratégia de preservação da hegemonia unipolar, que levou à construção de um Eixo Moscou-Pequim-Teerã. Este setor percebeu que os EUA estão em desvantagem e, na verdade, aceleraram a própria decadência.

Independentemente das reais intenções de Trump, o setor "realista" do Deep State opera com uma estratégia que passa por apaziguar a Rússia para afastá-la de suas alianças estratégicas para, com isso, os EUA poderem derrotar esses aliados um por um até que estejam, de novo, em posição de enfrentar a Rússia, em 10-30 anos. A ideia seria derrotar (por qualquer meio viável) Venezuela, Síria, Irã, os aliados africanos da Rússia e a China, para depois poder derrotar uma Rússia privada de aliados.

E em um sentido geral, cada caso é um caso. Focando na China, porém, será que Trump tem como "comprar" a relação China-Rússia?

Apenas passando rapidamente pela questão ucraniana, Trump tem muito pouco a oferecer. As regiões anexadas já são russas, e aquilo que ainda não foi tomado delas em breve será, considerando o ritmo de avanço russo. E Trump realmente teria uma grande dificuldade de oferecer qualquer coisa além. Ele seria visto como fraco e apaziguador, além de "agente russo". O complexo militar-industrial, por sua vez, até poderia tolerar uma redução gradual do apoio à Ucrânia, mas dificilmente aceitaria uma ruptura total.

Não é, portanto, nem possível nem interessante para Trump ceder demais para Putin na Ucrânia. Mas e quanto, por exemplo, ao Swift e as sanções? Dessa vez até pode ser diferente, mas em 2017 Trump não removeu as sanções impostas à Rússia pelo governo Obama. De qualquer maneira, mesmo que dessa vez o faça, a realidade é que o desacoplamento econômico-financeiro em relação ao Ocidente é visto como um objetivo estratégico válido em si mesmo para reduzir a fragilidade nacional vis-à-vis a arma das sanções. Não é porque Trump poderia remover sanções que tudo voltaria a ser como era antes.

Tendo analisado, portanto, a dimensão das "ofertas dos EUA", resta analisar a natureza das relações sino-russas hoje.

De um modo geral, a inteligência geopolítica dos EUA em relação às relações sino-russas operam com uma moldura mental dos anos 70-90, em que Rússia e China eram, de fato, rivais regionais com reivindicações mútuas e tensões ao longo da fronteira siberiana.

A situação mudou bastante após a chegada de Xi Jinping ao poder na China, e nos últimos 2-3 anos a aproximação entre ambos países foi drástica. Bens chineses são 38% das importações russas e 31% das exportações russas vão para a China. A China é obviamente o maior parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia é o 6º maior parceiro comercial da China.

O comércio, porém, não esgota essas relações, já que o comércio é sempre bastante flutuante.

A Rússia, por exemplo, está engajada na construção da autoestrada Meridiana, que vai conectar Cazaquistão e Belarus através da Rússia e se integrar na Iniciativa Cinturão & Rota. Também foi acordada a construção do gasoduto "Poder da Sibéria 2", que vai atravessar a Mongólia para levar gás da Rússia para o nordeste da China.

A Rússia também está construindo na China usinas nucleares em Tianwan e Xudapu, e fecharam um acordo para a construção de uma usina nuclear conjunta na Lua.

E ambos países estão trabalhando juntos para abrir a "Passagem do Norte" para estruturar uma "Rota da Seda Ártica", permitindo à Rússia acessar os mercados asiáticos sem passar pelo Mediterrâneo.



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Trump conseguirá afastar Putin de Xi?

De um modo geral, todos sabemos quais serão as linhas estratégicas gerais do novo governo Trump porque ele tem sido bastante explícito quanto a suas prioridades. E na política externa um tópico central é um relaxamento e reaproximação com a Rússia para afastá-la da China.

Essa estratégia convém ao setor do Deep State que está insatisfeito com a atual estratégia de preservação da hegemonia unipolar, que levou à construção de um Eixo Moscou-Pequim-Teerã. Este setor percebeu que os EUA estão em desvantagem e, na verdade, aceleraram a própria decadência.

Independentemente das reais intenções de Trump, o setor "realista" do Deep State opera com uma estratégia que passa por apaziguar a Rússia para afastá-la de suas alianças estratégicas para, com isso, os EUA poderem derrotar esses aliados um por um até que estejam, de novo, em posição de enfrentar a Rússia, em 10-30 anos. A ideia seria derrotar (por qualquer meio viável) Venezuela, Síria, Irã, os aliados africanos da Rússia e a China, para depois poder derrotar uma Rússia privada de aliados.

E em um sentido geral, cada caso é um caso. Focando na China, porém, será que Trump tem como "comprar" a relação China-Rússia?

Apenas passando rapidamente pela questão ucraniana, Trump tem muito pouco a oferecer. As regiões anexadas já são russas, e aquilo que ainda não foi tomado delas em breve será, considerando o ritmo de avanço russo. E Trump realmente teria uma grande dificuldade de oferecer qualquer coisa além. Ele seria visto como fraco e apaziguador, além de "agente russo". O complexo militar-industrial, por sua vez, até poderia tolerar uma redução gradual do apoio à Ucrânia, mas dificilmente aceitaria uma ruptura total.

Não é, portanto, nem possível nem interessante para Trump ceder demais para Putin na Ucrânia. Mas e quanto, por exemplo, ao Swift e as sanções? Dessa vez até pode ser diferente, mas em 2017 Trump não removeu as sanções impostas à Rússia pelo governo Obama. De qualquer maneira, mesmo que dessa vez o faça, a realidade é que o desacoplamento econômico-financeiro em relação ao Ocidente é visto como um objetivo estratégico válido em si mesmo para reduzir a fragilidade nacional vis-à-vis a arma das sanções. Não é porque Trump poderia remover sanções que tudo voltaria a ser como era antes.

Tendo analisado, portanto, a dimensão das "ofertas dos EUA", resta analisar a natureza das relações sino-russas hoje.

De um modo geral, a inteligência geopolítica dos EUA em relação às relações sino-russas operam com uma moldura mental dos anos 70-90, em que Rússia e China eram, de fato, rivais regionais com reivindicações mútuas e tensões ao longo da fronteira siberiana.

A situação mudou bastante após a chegada de Xi Jinping ao poder na China, e nos últimos 2-3 anos a aproximação entre ambos países foi drástica. Bens chineses são 38% das importações russas e 31% das exportações russas vão para a China. A China é obviamente o maior parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia é o 6º maior parceiro comercial da China.

O comércio, porém, não esgota essas relações, já que o comércio é sempre bastante flutuante.

A Rússia, por exemplo, está engajada na construção da autoestrada Meridiana, que vai conectar Cazaquistão e Belarus através da Rússia e se integrar na Iniciativa Cinturão & Rota. Também foi acordada a construção do gasoduto "Poder da Sibéria 2", que vai atravessar a Mongólia para levar gás da Rússia para o nordeste da China.

A Rússia também está construindo na China usinas nucleares em Tianwan e Xudapu, e fecharam um acordo para a construção de uma usina nuclear conjunta na Lua.

E ambos países estão trabalhando juntos para abrir a "Passagem do Norte" para estruturar uma "Rota da Seda Ártica", permitindo à Rússia acessar os mercados asiáticos sem passar pelo Mediterrâneo.

BY Voz da Nova Resistência


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