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"Mito não é pré-história; é realidade atemporal, que se repete na história".

- Ernst Jünger
Forwarded from Raphael Machado
Tribunal Penal Internacional emite Mandado de Prisão contra Netanyahu e Gallant: Mas e daí?

Após muitas dúvidas e um longo período de espera, o Tribunal Penal Internacional finalmente expediu um mandado de prisão contra Netanyahu, Gallant e Mohamed Deif, líder das Brigadas Al-Qassam do Hamas.

O pedido foi feito pelo procurador Karim Khan em maio desse ano, mas ficou paralisado na burocracia e nos jogos de pressão entre atores internacionais. O próprio procurador Khan foi ameaçado de morte por causa do pedido dele. Mas, finalmente, o procedimento andou.

E daí? Quem se importa? O que muda?

Boa parte dos países do mundo não adere ao Estatuto de Roma, incluindo as maiores potências planetárias. Aliás, é em si bastante duvidoso o tribunal ser competente para julgar israelenses e palestinos, que não se encontram sob a tutela do Estatuto de Roma e do TPI.

Isso emerge do mito do "crime contra a humanidade", em que se crê ser possível cometer crimes contra um sujeito genérico e indeterminado chamado "humanidade". Muitos internacionalistas creem que essas condições suspendem as exigências básicas de jurisdição, competência e legalidade, e que, portanto, o TPI pode julgar qualquer um em qualquer lugar.

É de um idealismo pueril acreditar nesse tipo de narrativa, mas como ainda vivemos sob a sombra da ideologia dos direitos humanos e do humanitarismo liberal, ainda temos que lidar com esse teatro das cortes internacionais. Mas quem será a sua polícia?

Já vimos que Putin visitou, desimpedido, a Mongólia recentemente. Alguém duvida que Netanyahu poderia visitar tranquilamente a Argentina sem ser preso? Nesse sentido, o único resultado óbvio esperado é o enfraquecimento e trivialização ainda maior do atual sistema internacional. Os tribunais internacionais vão perdendo a sua respeitabilidade, e apenas alguns europeus e ibero-americanos ainda prestam atenção no que eles dizem.

Mas mais ridículo que o humanitarismo liberal é a equalização entre Israel e Hamas, feita ao se emitir mandado de prisão contra Mohamed Deif. Onde esteve o TPI nos anos que antecederam a Operação Tempestade Al-Aqsa para emitir mandados de prisão pelos crimes contra os palestinos?

O sistema internacional liberal, portanto, é como uma figura tirânica maternal que pune quem pega em armas pela independência, pelo fato de ter feito uso da "violência", tanto quanto o algoz. Deif jamais será preso. Ele morrerá em combate ou triunfará - e se triunfar é porque estaremos num mundo multipolar, onde espero não haver mais TPI.

Finalmente, aquilo que há de mais ridículo em todo o caso é a singularização de responsabilidades. Para o TPI não é Israel o responsável pelos tais "crimes contra a humanidade", mas os cidadãos Benjamin Netanyahu e Yoav Gallant.

Gallant, aliás, era o Ministro da Defesa. Mas nem está mais no cargo. E o genocídio, obviamente, continua sem o Gallant, tal como continuará sem o Netanyahu se for o caso.
Forwarded from Raphael Machado
Em 5 minutos estarei no programa "Entretanto", realizado pela rede Sputnik, na Rádio Metropolitana/RJ (FM 80.5) para comentar sobre as notícias do dia e de ontem.

Convido todos os meus seguidores a me acompanharem na FM 80.5 do Rio de Janeiro pelo site: https://tudoradio.com/player/radio/600-radio-metropolitana

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Forwarded from Editora ARS REGIA
Você já pode adquirir hoje mesmo A Quarta Teoria Política, do filósofo russo Alexander Dugin.

Trata-se da mais abrangente crítica do liberalismo moderno e pós-moderno feita no novo milênio. O suficiente para valer a Dugin sanções e perseguições de todo o tipo.

Garanta a sua cópia mandando um e-mail para [email protected]
Forwarded from Lucas Leiroz
Poucos entenderam o real significado do ataque russo com um míssil balístico intercontinental em Dnepropetrovsk.

Esta ainda não foi a resposta russa aos ataques de longo alcance ucranianos. Em vez disso, foi ao mesmo tempo um teste e um aviso.

Este tipo de arma nunca havia sido usado antes em situação real de combate. Acima de tudo, Moscou testou uma arma nova, comprovando 100% de eficácia.

Ao mesmo tempo, temos a questão da "última chance" dada ao inimigo. Houve um aviso claro tanto para a Ucrânia quanto para o Ocidente. A OTAN entendeu que, se Putin perder a paciência, não há qualquer tecnologia capaz de impedir que o pior aconteça. E a Ucrânia viu que ninguém virá por ela.

Este tipo de lançamento é percebido por um amplo time de observadores pagos exclusivamente para isso. O Ocidente percebeu o ataque e teve que esperar para ver o resultado. Não havia como prever se o ataque incluía ou não ogivas nucleares. Se realmente estivesse interessada em levar a situação às últimas consequências, a OTAN poderia ter acionado imediatamente uma retaliação, mas não o fez.

A Rússia deu um recado claro para a Ucrânia: o Ocidente viu tudo e não fez nada. Ninguém intercederá por Kiev. Os ucranianos estão à própria sorte. Seria ótimo se eles tivessem entendido, mas há algumas horas já houve um ataque em Krasnodar.

Kiev não vai parar. A Rússia não está blefando. E o Ocidente não vai arriscar nada por um proxy descartável.
"O feminismo ultra-esquerdista é um programa de libertação em relação ao sexo como construção social hierarquizante. E estamos falando, recordemos, não da libertação da essência feminina, mas da superação do sexo enquanto tal. Se é dada atenção às particularidades do outro sexo (Simone de Beauvoir, Julia Kristeva ou Luce Irigaray), é apenas para a relativização da masculinidade no caminho para a libertação. O desejo é assexuado. Liberdade, aqui, é liberdade em relação ao sexo".

- Aleksandr Dugin
“O grito ‘Liberdade, Igualdade, Fraternidade ou Morte!’ estava muito na moda durante a Revolução. A liberdade acabou ao se cobrir a França de presídios, a igualdade pela multiplicação de títulos e condecorações, e a fraternidade ao nos colocarem uns contra os outros. Só a morte prevaleceu”.

– Louis de Bonald
Forwarded from Raphael Machado
Entrando agora, estarei no programa "Entretanto", realizado pela rede Sputnik, na Rádio Metropolitana/RJ (FM 80.5) para comentar sobre as notícias do dia e de ontem.

Convido todos os meus seguidores a me acompanharem na FM 80.5 do Rio de Janeiro pelo site: https://tudoradio.com/player/radio/600-radio-metropolitana

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"O movimento feminista está enraizado na crença de que não precisamos de homens. Bastaria um desastre natural para provar o quanto isso está equivocado. Aí então, a única coisa que manterá esta cultura de pé serão homens viris da classe trabalhadora".

- Camille Paglia
Forwarded from Raphael Machado
Trump conseguirá afastar Putin de Xi?

De um modo geral, todos sabemos quais serão as linhas estratégicas gerais do novo governo Trump porque ele tem sido bastante explícito quanto a suas prioridades. E na política externa um tópico central é um relaxamento e reaproximação com a Rússia para afastá-la da China.

Essa estratégia convém ao setor do Deep State que está insatisfeito com a atual estratégia de preservação da hegemonia unipolar, que levou à construção de um Eixo Moscou-Pequim-Teerã. Este setor percebeu que os EUA estão em desvantagem e, na verdade, aceleraram a própria decadência.

Independentemente das reais intenções de Trump, o setor "realista" do Deep State opera com uma estratégia que passa por apaziguar a Rússia para afastá-la de suas alianças estratégicas para, com isso, os EUA poderem derrotar esses aliados um por um até que estejam, de novo, em posição de enfrentar a Rússia, em 10-30 anos. A ideia seria derrotar (por qualquer meio viável) Venezuela, Síria, Irã, os aliados africanos da Rússia e a China, para depois poder derrotar uma Rússia privada de aliados.

E em um sentido geral, cada caso é um caso. Focando na China, porém, será que Trump tem como "comprar" a relação China-Rússia?

Apenas passando rapidamente pela questão ucraniana, Trump tem muito pouco a oferecer. As regiões anexadas já são russas, e aquilo que ainda não foi tomado delas em breve será, considerando o ritmo de avanço russo. E Trump realmente teria uma grande dificuldade de oferecer qualquer coisa além. Ele seria visto como fraco e apaziguador, além de "agente russo". O complexo militar-industrial, por sua vez, até poderia tolerar uma redução gradual do apoio à Ucrânia, mas dificilmente aceitaria uma ruptura total.

Não é, portanto, nem possível nem interessante para Trump ceder demais para Putin na Ucrânia. Mas e quanto, por exemplo, ao Swift e as sanções? Dessa vez até pode ser diferente, mas em 2017 Trump não removeu as sanções impostas à Rússia pelo governo Obama. De qualquer maneira, mesmo que dessa vez o faça, a realidade é que o desacoplamento econômico-financeiro em relação ao Ocidente é visto como um objetivo estratégico válido em si mesmo para reduzir a fragilidade nacional vis-à-vis a arma das sanções. Não é porque Trump poderia remover sanções que tudo voltaria a ser como era antes.

Tendo analisado, portanto, a dimensão das "ofertas dos EUA", resta analisar a natureza das relações sino-russas hoje.

De um modo geral, a inteligência geopolítica dos EUA em relação às relações sino-russas operam com uma moldura mental dos anos 70-90, em que Rússia e China eram, de fato, rivais regionais com reivindicações mútuas e tensões ao longo da fronteira siberiana.

A situação mudou bastante após a chegada de Xi Jinping ao poder na China, e nos últimos 2-3 anos a aproximação entre ambos países foi drástica. Bens chineses são 38% das importações russas e 31% das exportações russas vão para a China. A China é obviamente o maior parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia é o 6º maior parceiro comercial da China.

O comércio, porém, não esgota essas relações, já que o comércio é sempre bastante flutuante.

A Rússia, por exemplo, está engajada na construção da autoestrada Meridiana, que vai conectar Cazaquistão e Belarus através da Rússia e se integrar na Iniciativa Cinturão & Rota. Também foi acordada a construção do gasoduto "Poder da Sibéria 2", que vai atravessar a Mongólia para levar gás da Rússia para o nordeste da China.

A Rússia também está construindo na China usinas nucleares em Tianwan e Xudapu, e fecharam um acordo para a construção de uma usina nuclear conjunta na Lua.

E ambos países estão trabalhando juntos para abrir a "Passagem do Norte" para estruturar uma "Rota da Seda Ártica", permitindo à Rússia acessar os mercados asiáticos sem passar pelo Mediterrâneo.
Forwarded from Raphael Machado
No âmbito militar, também, enquanto a China fornece grandes quantidades de componentes usados pelas Forças Armadas da Rússia, como semicondutores e drones, a Rússia está ajudando a China a construir um sistema de alerta contra ataques missilísticos via radar, além de estarem desenvolvendo em conjunto novos helicópteros, submarinos e mísseis.

O que todos esses projetos indicam é que as relações sino-russas são profundas e de longo prazo. Não são do tipo que se pode, simplesmente, dar as costas de uma hora para a outra. Isso pela própria natureza dos projetos indicados, que envolvem em muitos casos obras que levarão muitos anos para ficarem prontas, bem como um grau de colaboração militar que não é trivial.

Quando Putin e Xi expressaram publicamente que Rússia e China eram nações amigas (e não meramente parceiras) eles não estavam fazendo apenas comentários diplomáticos politicamente corretos.

O projeto trumpista de afastar Rússia e China fracassará.
2024/11/23 09:52:11
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